O jogo de pôquer bartatinho de todos os domingos à tarde na casa do meu pai com os amigos dele sempre terminava com uma Pizza no Camelo ou uma massa no Forcheta D´Oro da Gabriel Monteiro da Silva.
Naquele domingo, eleição Collor x Lula.
Passei na casa do meu pai para acompanhá-los no Jantar no Forcheta. Entre eles, um ou dois favoráveis ao Collor e os outros partidários do Lula. Começou animada discussão. Antes de irmos para o Restaurante, meu pai propõe que não se falasse de política a fim de não incomodarmos os outros frequentadores. Todos concordamos.
No Estacionamento, o Mercedes ou o Jaguar do nosso amigo Mário Ferman, também frequentador assíduo do Forcheta; o carro, coberto de Cartazes do Collor. Diga-se de passagem; àquela altura todas pesquisas de boca de urna já indicavam a vitória de Collor.
Eu e meu pai pensamos: ferrou. Ao entrarmos, Mário, com seu forte sotaque pernambucano já foi logo comemorando.
– Perderam!!! O Lula Perdeu!!!
E não parou mais de falar e comemorar a vitória de Collor em voz alta, voz muito alta.
Recapitulando, a preocupação de meu pai era de que não incomodássemos os outros clientes do restaurante.
Quarenta minutos depois que chegamos, algazarra contínua do Ferman, discreto casal, com a filha e a neta, sai da sala vizinha do restaurante. O homem para em frente da nossa mesa e, com toda a classe do mundo, diz:
– Espero que os senhores tenham um bom Jantar.
O que ele queria ter dito mesmo era:
-Espero que tenham um bom jantar, coisa que vocês não me permitiram.