Há muito digo que se convivesse com algum grande gênio, admitiria que ele fosse temperamental. Neguinho comum vir com caprichos de Greta Garbo com TPM pra cima de mim, ah, realmente não dá.
A última pessoa que topei pela frente com esse perfil foi uma empregada que trabalhou em casa até quarta-feira, enquanto a Rosa, que está comigo há quase quatro anos fazia tratamento de saúde. É isso mesmo, empregada temperamental…
Em tempo, moro sozinho há mais de trinta anos, em todo esse período, tive praticamente três ou quatro empregadas. Uma delas, fui obrigado a demitir. Ela ficou muito chateada, mas havia colocado a coisa de tal forma irreversível que não me deixou a mais mínima possibilidade de tomar qualquer outra providência. Pois bem, passaram-se alguns anos, e eu tive que contar com o apoio dela para resolver uma situação complicada e ela foi de total solidariedade.
Poucas empregadas em trinta anos, mais esse fato são suficientes para supor que eu seja bom patrão.
Agora, essa minha última empregada, de tão mau humorada, chegava a ser engraçada. Tínhamos combinado que ela trabalharia comigo até amanhã, sábado, quando haverá um jantar em casa para amigos da faculdade, a respeito do qual ela estava mais do que sabendo.
Pois bem, na quarta-feira, quando chego em casa, encontro o seguinte bilhete
“Sr. Paulo Hoje é meu último dia em que eu trabalho aqui.
Já começo amanhã na casa do advogado que tem muita pressa para que eu comece.
Segunda -feira venho buscar o que é meu de direito. (o grifo é meu)
12/06/2013 obrigado
Curioso também é como essas pessoas que exercem profissões mais simples gostam de falar de tarefas que detestam realizar, mas que são inerentes aos seus ofícios. Assim, uma digitadora argumenta que é digitadora, mas detesta digitar a letra c. (ainda bem que não é o A, né??). Um motorista de ônibus que detesta engatar a primeira marcha. Quando topo com um tipo desses pela frente, eu digo:
– Então você não pode ser digitadora ou motorista. Por que não vai ser Ministro da Justiça, Presidente da Coca-Cola…???
Contei isso com uma professora de francês e ela disse que quando empregada que estava entrevistando dizia que não gostava de limpar vidro ou de passar roupa e que, praticamente, só gostava de cuidar de criança, ela falava:
– Ah que ótimo, então você fala francês???
A empregada dizia que não, já que era uma simples empregada e a professora terminava a entrevista:
– Poxa, você falou tanta coisa de que não gostava e eu concordei, uma coisa que eu peço e você não sabe… Que pena, acho que não vai dar para você trabalhar comigo.
A minha professora garantiu que iria alternar o meu argumento com o dela nas próximas vezes que fosse “contratar” empregadas domésticas.
+++++++
Observação – Na quarta-feira mesmo, após ler o bilhete da temperamental empregada, escrevi texto sobre o mesmo assunto que estava muito melhor do que esse. Deu um problema na minha área de trabalho do blog e ele evaporou-se.
Paulo, se você não existisse eu te inventaria. Somente para poder ler as suas aventuras com suas empregadas. Ao menos essa era loira e linda? Gargalhadas. Brincadeirinha. Você é meu segundo amor blogueiro. O outro você sabe quem é. Paixão antiga. Gargalhadas.
+++++
Beth:
Dá para acreditar???
Que loira e linda coisa alguma??? Era uns cinco anos mais nova do que eu e parecia que tinha idade para ser minha mãe. Isso não era culpa dela; é o desgaste da vida dura. Mas certamente o mau humor permanente dela contribuia. Comentei com minha vizinha de parede do meu prédio, gente muito fina, a respeito e disse para ela que compreendia. Afinal, o irmão da empregada estava doente.
Minha vizinha foi enfática:
– O irmão dela está doente, mas você não tem culpa disso. Ela não pode trabalhar emburrada.
Minha vizinha tá certa, mas eu sabia aguentar com tolerância a coisa.
Ainda bem que já está tudo superado, recibos assinados, tudo super certinho!!!
Beijo
Paulo Mayr