Mais uma vez, o psiquiatra Armando de Oliveira Neto, meu amigo e leitor do Boca, dá sua abalizada opinião sobre tema do momento. Ele analisa a “Invasão” da USP. Segue abaixo:
Da mesma forma que você, caro Paulo, fico inconformado com algumas facetas da nossa Pátria e a recente invasão da USP por “alunos” fez-me pensar sobre as causas e consequências dessa manifestação.
Nas aulas de Organização Política e Social, aprendi que o Estado era sustentado por três Instituições basilares: o Legislativo, o Judiciário e o Executivo, cada um com suas funções específicas, como elaborar as Leis, cobrar as suas aplicações e executá-las, de forma sintética.
Mas tal não ocorreu no decorrer de mais um deplorável acontecimento de nossa História: a “invasão” da USP.
Se não vejamos:
1. Um jovem estudante foi brutalmente assassinado num dos estacionamentos da USP.
2. Latrocínio é crime previsto em Lei.
3. A comunidade, sensibilizada e mobilizada, pede, e é atendida, para que haja policiamento ostensivo, ou seja, que o Estado se faça presente e que se cumpra a Lei.
4. Maconha e seu manuseio é crime, também previsto em Lei.
5. Três “estudantes” são presos pela polícia no estrito cumprimento da Lei.
Até aí, tudo bem e dentro da Ordem Pública, mas o que se segue constitui, a meu ver, mais um passo no processo de desconstrução do Estado, impetrado tanto pelo dito Estado quanto pelo povo, ou parte dele, que se fez ouvir:
1. “Estudantes” tentam evitar as prisões, mas no meu entender tentam desmontar o Estado, por meio da quebra jurídica vigente.
2. Uma pessoa, identificada como sendo líder do governo na Assembleia Legislativa, assume ostensivamente posição contra as prisões e a favor da invasão do prédio da Filosofia e Letras: essa pessoa, notando que não o qualifico como cidadão, “fazedora” das Leis e que deveria ser um dos mais ferrenhos defensores delas, posta-se contrário à sua aplicação. Identifico-o como mais um “desconstrutor” do Estado.
3. Instala-se outro Estado, o dos “estudantes”, dentro e contrário ao Estado de Direito, com nova ordem legal: maconha e invasão à vontade.
A cena acabou?
Não!!!
Cenas dos próximos capítulos de “desconstrução”:
1. Após idas e vindas os “estudantes” decidem acatar as determinações legais e abandonar as instalações da USP, que poderia ser considerada a retomada dos ditames legais, um retorno à Ordem primeira.
2. Ledo engano: “estudantes”, dentro da recém-criada nova Ordem Legal – A Dos “Estudantes”, decidem não acatar as orientações emanadas do seu próprio grupo e assim derrubam, desconstroem, o Novo-Estado e criam outro Novo-Estado dentro e contra o Novo-Estado, com outra ordem jurídica dentro da ordem dentro da ordem…
Parece mais uma cena esquizofrênica de nossa esquizofrênica sociedade, mas assim não a considero, uma vez que entendo que faça parte de uma orquestração que se nos apresenta desde muito, o conceito da relação de dominação, e que foi bem definida na atualidade pelo “projeto de poder do PT”, tal como foi tratado pelos meios de comunicação.
Outros exemplos, desnudados pelos noticiários, ou em filmes como “Tropa de Elite” 1 e 2, são encontrados na corrupção de nossas polícias, de nossos governantes, no dia a dia de nossas cidades, etc.
Uma pergunta deixa um “gosto amargo de coisas perdidas”: será reversível?
Acho que não e seria bom alguém informar à nossa “presidenta” que ela é governante de um país sem governo, estadista de um Estado sem Estado…
+++++++++++++++++++
*Armando de Oliveira Neto
Médico Psiquiatra
Aposentado do Serviço de Psiquiatria e Psicologia Médica
Do Hospital do Servidor Público Estadual
Médico Assistente do Hospital Infantil Cândido Fontoura
Professor/Supervisor pela Federação Brasileira de Psicodrama
Como sempre, adoro o que escreve! Devo dizer que aprendi muito com você e compartilho de mais uma opinião, frente ao ocorrido!
Parabéns pelo escrito! Continuo sua fã!
++++++
Prezada Duda:
Já deixo aqui seu comentário e o meu pedido para o Armando responder seu comentário.
Um abraço
Paulo Mayr
Grande e querido irmão Armando, muito objetivo , claro e oportuno seus comentários a respeito do ocorrido na invasão da USP, as vezes tenho a sensação que poucos se apercebem que estamos deixando as rédeas soltas em demaisia e depois retoma-la fica impossivel.
Sempre comentava em Loja que o texto da nossa bandeira é muito claro “Ordem e Progresso”, agora sem ordem, nem precisa explicar mais nada.
++++
Caro Marcos:
Já deixo aqui o meu pedido para o Armando responder seu comentário.
Abraços
Paulo Mayr
++++++++++
Querido Irmão Armando. Concordo em todos os sentidos com o seu comentário. Ao contrário de um Estado de Direito, vivemos em um Estado “sem” Direito, onde as leis só produzem efeitos no papel. Como advogado, sou mais que ciente de que a dificuldade na aplicabilidade das leis é enorme e, quando se consegue sua eficácia, como no caso da presença de policiamento na USP, uma outra corrente, contrária as leis vigentes age de tal forma a fazer desmoronar todas as esperanças de que a verdadeira ordem faça parte do nosso cotidiano. Eu também fico pensando sobre a reversibilidade da situação…
Parabéns pela sua explanação e parabéns ao Jornalista Paulo Mayr pela página.
+++++++
Caro Ricardo
Já deixo aqui meu pedido para o amigo Armando responder seu comentário.
Agradeço os elogios. Mto obrigado.
Se quiser, leia sempre e comente os textos da minha página.
Atenciosamente
Paulo Mayr
Clique
Armando,
Concordo com você, estamos vivendo uma época onde todos qurem ter os seus direitos mais cumprir com os seus deveres esta difícil. Gostaria de ver as pessoas analisassem o ocorrido na USP onde a maioria pede segurança para estudar e circular pelo campus sem preocupação de ser assaltado ou ser incomodado pelos que querem a liberdade sem limites , e sem arcar com o ônus da liberdade mau utilizada.
Abs,
Wilma T.I.Raibin
+++++
Cara Wilma:
Já dexo i aqui meu pedido para o amigo Armando responder seu comentário.
Wilma, se quiser, leia sempre meu blog
clique aqui
Abraços
Paulo Mayr
Caro Armando, belíssimo comentário.
Não faz muito tempo, tivemos em uma reunião a discussão sobre a possibilidade de “legalização” da maconha e obviamente tivemos a possibilidade de rebater tal assunto.
O que me causa desconforto não é a possibilidade de legalização de mais um entorpecente, mas a recorrente ilegalidade.
Sobre o mesmo assunto (da USP) li o comentário, muito claro, sobre os eventos ocorridos – recomendo a leitura – me parecebem realista.
Meu Irmão Armando parabén s pelos comentários.
+++++++
Caro Marco Aurélio:
Já dexo aqui meu pedido para o amigo Armando responder seu comentário.
Marco Aurélio, se quiser, leia sempre meu blog
Clique aqui
Abraços
Paulo Mayr
Caro Armando,
Que dizer mais? Ficamos estarrecidos com o “Como anda nossa meninada”, plagiando o Como anda a humanidade.
Você reflete perfeitamente a situação, cujo conteúdo não aproveita nossa evolução como povo interessado no desenvolvimento.
Onde erramos para passar para as nossas crianças tão imperfeita visão do certo e do errado?
Como reagir a esse estado de coisas?
Agindo como você, dando palavras ao mundo dessa nossa sociedade ausente, que parece não se preocupar com o rumo que estão nos impingindo.
A reação deve ser na medida da possibilidade do esclarecimento que aclara o caminho que devemos perseguir se queremos realmente a paz para nós e para todo o nosso povo.
Respeito às nossas instituições é sumamente necessário.
A começar pelos própiros detentores do poder, que de representatividade não entendem ou desejam não entender nada.
Se a maioria silenciosa não se fizer presente, como você o faz agora, não haverá salvação.
Cada um de nós tem de assumir sua responsabilidade de inconformismo com a situaçao de desmandos e descaso que presenciamos e vivenciamos no dia a dia.
É salutar que pessoas com visão igual à sua se apresente para direcionar a Sociedade para o caminho da retidão, da correção, do respeito, da evoluçã.
Esse é um caminho que não se percorre só.
Daí a conveniência e a necessidade de reações como a sua.
Parabéns, meu amikgo e irmão.
++++++++++++++++
Caro Armando:
Por favor, responda para o José Carlos.
Abraços
Paulo Mayr