Abaixo a Imprensa livre – Por Armando de Oliveira

Meu amigo Armando não podia deixar passar esse momento político sem  comentários. Diferentemente de todos seus artigos anteriores com fundo científico, o de hoje é   ironia pura.  Leiam e discordem  dele se forem capazes.

Abaixo a Imprensa Livre é um pensamento que cultuo, em concordância com alguns setores do atual governo federal… mas por motivação bem diferente.

Explicando: na  minha juventude, colecionava revistas  como “O Cruzeiro” e “Manchete”;  mais tarde,  assinante da “Veja”, depois da “Isto É” e novamente “Veja”,  continuei – orgulhosamente –  separando   reportagens sobre escândalos de corrupção envolvendo personagens do governo e seus cúmplices do mundo empresarial.
Como eram relativamente raros e pouco freqüentes,  a melhor forma de acompanhar o “enredo”, com os caminhos escabrosos e seus personagens tenebrosos, foi a montagem de um arquivo onde colocava as folhas que continham as repostagens, com o cuidado de organizar as seqüências lógicas das “histórias”.

Porém  o mundo mudou e também o Brasil.   Mas não no que tange aos diversos orgãos dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário; eles  se mantêm incrivelmente “alheios” ao que se passa no mundo da corrupção.   A Imprensa Livre  se especializou, com uma rede de informantes fidedignos e repórteres dedicados, argutos, especializados e competentes e  produz  matérias detalhadas com todos elementos que configuram os mais diversos crimes.  Crimes, aliás,  cometidos por aqueles que deveriam administrar e proteger a “rés-publica”.

Então essa tal de Imprensa Livre destruiu meu arquivo sobre corrupção e isso é inaceitável… por isso estou lançando a campanha ABAIXO A IMPRENSA LIVRE!!!

Não concorda???

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Bordão do Boca, roubado do Billy Blanco,  o que dá pra rir, dá pra chorar.  É só o que dá pra comentar ( e rimar)!!!

1 pensou em “Abaixo a Imprensa livre – Por Armando de Oliveira

  1. Meus pais assinavam “O Cruzeiro” e “Seleções”; nós liamos a “Manchete” do vizinho. Moravamos (e ainda moramos) no interior e os jornais chegavam atrasados pelo menos dois dias. Não valia a pena assiná-los. Para notícias imediatas ouviamos rádio. Bons tempos… mas só porque eu era mais jovem e a juventude é um tesouro que ganhamos quando chegamos ao mundo e vamos dilapidando depois. Só por isso. Hoje os tempos são melhores. Apenas, com as considerações a seguir.
    Quando era adolescente eu ia a banca e comprava o jornal “Opinião” e “O Pasquim”. O jornaleiro (que está vivo, aposentado, até hoje e é até meu vizinho e fica aqui na calçada sentado numa cadeira de varanda, debaixo de uma árvore lendo gibi), o jornaleiro pegava os jornais da resistência, olhava muito sério pra mim e dizia sempre as mesmas palavras: “Vou contar pro seu pai que você está lendo estas porcarias!!!”
    Dai que, mais por evolução natural do que medo das ameaças que nunca concretizavam, passei a assinar a “Veja”. Assinei por mais de 20 anos. Fiquei muito aborrecido quando ela publicou uma matéria preconceituosa ao extremo contra o Cazuza; e passe a desacreditar nela quando li, nas suas sagradas páginas de credibilidade (naquele tempo), uma matéria chamada “Boimate”, uma estupidez pseudo-cientifica de que alguns cientista havia criado um DNA que aplicado ao boi fazia com que ele produzisse carne que cozida já vinha com molho de tomate – pra ser consumida com apetitosas macarronadas. Mesmo sendo “bixo-do-mato”, criado como sapo em barranca de rio, mesmo com meus pés vermelhos de barro, não foi dificil ver que era uma besteira aquilo que a Veja vendia como verdade. Foi a goda d’agua – não renovei a assinatura e nunca mais li a revista. Sei que depois disso, piorou muito.
    Viajei antes desse segundo turno e não votei. Também fugi da internet e da televisão. Caminhei pelas ruas e muito caminhei (tanto que estou com uma distenção no pé direito). Descobri Paulo Mayr que essa eleição se passou em dois planos distintos. Um ficcional e o outro real.
    No primeiro turno fiquei concentrado nos meios de comunicação e fiquei horrorizado, espanto que só aumentou no segundo turno. Nunca antes ouvi e li tanta asneira e ia dormir assustado. Sonhava, amanhã uma “Vaca Fardada” vai cumprir os pedidos da imprensa e instalar um novo regime militar. Até porque cheguei a ouvir isso da boca de muita gente boa, dentro do meu circulo de amizade.
    Depois viajei e andei pelas ruas. A realidade era completamente outra. Aqui e ali uma bandeira da Dilma e do Serra. Conversas tranquilas. Muita paz. Civilização de pessoas educadas que conversam – olho-no-olho – com seu semelhante. Não ouvi e nem vi uma discussão aspera. Só conversas tranquilas.
    Dai reflito que a imprensa hoje é cuidada por reporteres que vivem em apartamentos com tv e internet (e quem sabe um jornal ou uma vejinha num canto – cedidos gratuitamente – que ninguém mais está gastando dinheiro pra assinar essas coisas). Esses reporteres saem para o trabalho em seus carros de vidros fumê e fechados, por causa do ar condicionado, mantem privacidade e distancia da realidade que desfila pelo visor (Não diz o ditado: “O automóvel matou a paisagem?). Esse mesmo reporter chega a redação e se instala numa escrivaninha, no frescor do seu ar condicionado, no predio sem janelas, e vê o mundo pela internet. E recria esse mundo falso para o papel imprenso. Tudo assim muito distante.
    Enquanto isso, as pessoas andam de ônibus e de trem, conversam entre si. comunicam-se, vão a feira, e o feirante mostra que vermelho mesmo é esse tomate delicioso que lhe é oferecido, e olham pro céu distante e azul, e ouvem “La mer”… surssurado pelo vento (“em algum lugar minha amada – meu ideal – está numa ilha distante e todos os dias eu pego o barco pra alcança-la), e sonham com um futuro melhor, e se abraçam, e sorriem um pro outro e por ai vai, enxergando quem quiser enxergar e estiver num posto de observção longe de um escritorio refrigerado.
    Dou um conselho Mayr, pra todos… caminhem pelas ruas? UM abraço e obrigado pelo estimulo da reflexão.

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