É falsa a notícia de que ninguém ganhou na Mega-Sena.
Você ganhou!!!
Há duas frases muito boas a respeito de Loterias. Uma minha – desculpem-me pela falta de modéstia declarada e outra de um dos filhos do Roberto Marinho.
A minha retrata a nossa realidade da classe média.
A dele, da classe dele – Tubarões, gíria antiga para designar os MUITO ricos.
Lá vão:
A minha:
Recuso-me jogar em loterias. Quem nasce no Brasil, tem todos os dentes e ainda o que comer com esses dentes já ganhou a sorte grande.
A dele (mais ou menos o seguinte – a idéia é essa):
Não jogo em loterias. Já ganhei a sorte grande quando nasci.
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A passagem mais engraçada, entretanto, a respeito das vultosas somas pagas pela Loteria aconteceu na Redação de um grande jornal daqui da cidade de S. Paulo.
Um sortudo havia faturado sozinho o prêmio.
Os jornalistas começaram a falar o que fariam com o dinheiro. E foram enumerando as “extravagâncias”: um disse que compraria uma casa maior; outro, que trocaria de carro ; um terceiro, que colocaria o dinheiro na poupança e gastaria só os juros e assim foi. Só sonhos classe média…
Nem a presença do diretor, sujeito considerado na época de extrema direita e bastante autoritário, no grupo intimidou o competente jornalista, também famoso por sua vida boêmia e desregrada. Ele foi taxativo:
– Pois eu não. Eu compraria tudo em pó e não me preocuparia mais com esse assunto até o fim da vida!!!
Em tempo: ele morreu jovem – por conta de álcool e drogas
Mayr,
Segundo um amigo de infância a loteria pode realmente nos proporcionar grandes frustrações e também grandes alegrias. Ele, noivo há muitos anos, nunca se habilitava a casar-se e a noiva, a Vera, a qual devo muitas obrigações pois sempre depois de casada me acolhia aos sábados à noite quando trazia a tira-colo uma gazela de não mais de 20 anos para tomar um drink em sua casa antes da noitada. Vera sempre me recebia à porta como se fora a primeira vez que trazia alguém para um aperitivo. Mas voltando ao tempo de noivado de meu amigo Lula, certa vez ele resolveu testar o amor da Vera, segundo ele. Eo fez de uma maneira muito original e bastante perversa: rearranjou os pequenos recortes de papel dos então cartões perfurados da Loteria Esportiva dispondo-os de maneira a coincidir com o resultado correto anunciado no jornal da TV que ele havia assistido na noite de domingo.
Segunda pela manhã, convidou a amada para verificar os resultados da loteria e foram checando um a um os resultados, até que a Vera gridou, alto e bom som: Benzão, ganhamos! Estamos ricos!
Foi um entusiasmo geral na farmácia (do pai doLula) onde trabalhavam. A primeira coisa que ela mencionou em termos de planos fôra o casamento, para ela tão aguardado e que finalmente poderia ser viabilizado. O danado e maluco amigo Lula, levou a fraude por mais de um dia, segundo ele para testar se o amor que ela dizia que nutria por ele era realmente verdadeiro. Até que ele contou à pobre Vera que ela não havia ganho na loteria e que ele havia manipulado o resultado em seu cartão. Foi uma ducha de água fria e tanto. Foi um verdadeiro terror e decepção para Vera. Todos os amigos, naquela altura do campeonato já estavam questionando a crueldade e o Lula simplesmente para se defender saiu com essa:
Vocês podem imaginar a alegria que eu proporcionei à Vera nesses dois dias. Ela ficou feliz e radiante como poucos. Isso eu deu a ela de presente e ela nunca mais vai esquecer e além do mais, disse o quase cafajeste que ela teve a oportunidade de provar que realmente gostava dele, pois em nenhum momento pensou em abandoná-lo ou ao menos impor suas vontades de gastanças.
Como diz o Roberto Carlos em sua música:
É um amigo, não é? Então não se pode mudar.
Até hoje eles vivem juntos. Qualquer hora dessa vou relembrá-los dessa passagem.
Agora, para aqueles que tiveram saco para ler essa história, podem me xingar. Eu mereço!
O dinheiro, esse danado realmente mexe com a gente. Com qualquer pessoa, não importando a idade, classe social, condição econômica, nada. E como é difícil saber gerenciá-lo bem. Alguns gastam abusivamente e depois se arrependem quando da inevitável falta. Outros, seguram tanto que desaprendem ou mesmo podendo gastar,pelo hábito e condicionamento acabam nada gastando e deixam de aproveitar. O equilíbrio com o dinheiro é muito importante. Tão importante que as escolas primárias já deveriam dar as primeiras noções do bem gastar. Mas indo para as loterias que é mais afeta ao tema, experimente com qualquer pessoa fazer um exercício e indague: O que você faria se ganhasse uma boa soma, digamos R$ 20 milhões na Mega-Sena? A pessoa começa a pensar e a mencionar que compraria uma casa na praia, um carro de luxo ou que viajaria sem parar. Deixe que a imaginação dela, quase que invariavelmente acontece, viaje. Dê asas a imaginação. Em poucos minutos a pessoa já se transforma, Uns mais afoitos e animados com a possibilidade virtual apresentada e outros um pouco mais contidos mas a vialização e a emoção do ganho vem. Nem que seja por um milionésimo de segundo. Alguns até extrapolam e dizem que não beneficiariam o parente A ou B ou até revelam que deixariam seu parceiro (a). É a força do dinheiro! E como ele tem força nessa nossa sociedade.
Afinal de contas, sonhar ainda não é pecado.Mas o duro é cair a ficha e pensar. Puxa vida,nem mesmo joguei,como poderei ganhar?
Caro Paulo Mayr,
Tb tenho uma história pra relembrar (história com H mesmo, pois realmente aconteceu).
Logo no começo dos grandes prêmios, um dos ganhadores de valorzão acumulado respondia à seguinte pergunta do repórter: “o que o sr. fará com tanto dinheiro?”. “Vou pagar umas contas”, disse o felizardo. O repórter então, aflito, disse: “Sim, sim, mas e o resto? e o resto?”
Ahh disse calmamente o ganhador: “o resto que espere…”
falar o que?