O Professor , na verdade Diretor de Escola Municipal , Gerônimo conta abaixo os percalços para conseguir trocar as folhas de Zona Azul antigas que ele trazia em seu carro. Leiam e comentem.
Caro Paulo:
Só agora tive um tempinho para escrever. Minha vida é uma correria (sou Diretor de Escola da Prefeitura de São Paulo – CEI – Centro de Educação Infantil ( Creche) e isso exige muito de mim. Preciso estar sempre atento, afinal são crianças de 0 a 3 anos e o maior trabalho que tenho é com o Adulto. São 34 Professoras que para se dedicar com respeito e cumprirem com suas obrigações, a gente tem sempre que estar no pé; fiscalizando, observando e quando necessário, “berrando”, uma vez que nós não temos o direito de gritar com uma criança, ainda mais não sendo nosso filho. Principalmente porque não é nosso filho; É FILHO DOS OUTROS. E nosso cuidado tem que ser redobrado. Mas vamos lá, xô te contar melhor “A AVENTURA DA TROCA DO TALÃO DA ZONA AZUL”.
Cheguei por volta de 14:40 h e nesta cidade onde se tornou raridade um espaço numa rua para se conseguir uma vaga, deixei meu carro espremido entre dois outros e já fui para “a grande fila” pensando se demoraria ou se voltaria e encontraria meu carro (está sem seguro) ou se não encontraria no vidro um daqueles papéis amarelo ouro chamado multa. A fila era grande, mas descobrí lá dentro que ela não estava andando por conta de não terem mais nem uma folhinha da zona azul para se trocar. Uma senhora avisava aos gritos que acabaram os talões, mas que estavam vindo alguns da Rua Senador Feijó, mas já ia avisando que não podia trocar mais de três talões por pessoa. Como eu só tinha um talão e mais duas folhas (12 ao todo) e como aquele era o último dia, fiquei na fila e peguei o bonde das queixas dos que já estavam na fila há mais tempo do que eu. Todos reclamavam, falavam do Kassab, do órgão (CET), mas resignamo-nos na fila, feito brasileiros que engolem tudo goela abaixo. Os portões se fechariam às 16 horas. Para quem chegasse depois do horário as normas tinham de ser cumpridas. Mas nós que já estávamos na fila há horas, tínhamos de esperar. Afinal as normas só servem para nós. Eles fazem o favor de nos servir com “suas paciências” e nós temos que esperar. E assim o tempo passava. Chegou a “bonitona do Morumbí” com seu blindado da Mitsubishy e sua mãezinha sendo usada pela filhota, moradoras de Alfaville que estava chegando dos Estados Unidos, para trocar suas 4 folhinhas. Berrou na frente da fila, quando alguém pediu ou sugeriu que ela fosse para o final da fila. E ela imediatamente ligou para o chefe da moça que estava trocando os talões ( da CET – deve ser amante dele, pois ele obrigou a moça a fazer a troca delas primeiro). A senhora sua mãe, rica, bonita, cheia das jóias, ainda se deu ao trabalho de perguntar a um senhor que protestava na fila “ o sr. Está achando ruim? Dane-se!”, e se foi para o pátio da CET com a filhota pegar seu carrão e saíram por onde entraram, agora debaixo de vaias. Mas elas nem deram a mínima. E ficamos nós na fila, xingando, resmungando, reclamando, gritando. Era uma pessoa sozinha para anotar, conferir, pegar os nomes das pessoas
( para quê???) e a fila não andava. Até que alí por volta das 17:50 horas um rapaz gritou: “quem quer que a gente envie os talões via sedex”? Alguém perguntou: “Por conta de quem”? E ele respondeu: “DA CET; nós vamos pagar o correio”. Pulei lá e já peguei um papel e caneta, anotei meu endereço, conferí minhas folhas com o rapaz e fui embora. Voltei para a Escola, pois eu precisava estar lá antes das 19 horas para fechar. Fica no km 19 da Rodovia Raposo Tavares e neste horário é um caos. E alí por volta de 20:30 o telefone da escola toca. Atendo. Era a senhora da CET, para me perguntar se minhas folhas eram mesmo 12 e aí começou a lamanetar tudo. Me disse que é nova no emprego, que estava sozinha, que o rapaz que me atendeu era um motorista que ficou com pena dela e deu uma forcinha, me disse que pediu à “bonitona do Morumbí” que ela se retirasse dalí pois ela estava causando transtorno, que foi seu chefe que lhe ordenou que trocasse primeiro as 4 folhinhas da “fina”, que ganha uma miséria, que entra às 07 da manhã e que levou o serviço para casa para poder organizar e enviar os via sedex para quem solicitou. E ainda que iria trabalhar no dia seguinte na Senador Feijó, para prestar contas do que fez no dia anterior. “Consolei” a Lúcia (este é o nome dela), que mora, por incrível que pareça, próximo da escola onde eu trabalho. Eu no Km 19 e ela no km 18. Coincidências… E foi esse o meu “pequeno” dilema deste dia. Enquanto isso na Rua Cardeal Arcoverde (troquei minhas folhas na Rua do Sumidouro, em Pinheiros), está lotada de placas dizendo que é proibido estacionar do lado esquerdo e só para você ter uma ideía, o lado esquerdo está abarrotado de carros estacionados desde o começo, na Av. Dr. Arnaldo até quase o largo da Batata e não aparece ninguém da CET para botar “ordem nas normas…” Leio num jornal que o Prefeito tem 40 policiais (coronéis, comandantes etc. como chefes de gabinete) à sua disposição e nós, enquanto isso, pagamos as contas –nossas e deles e nem podemos mais nos revoltar. Só engolir…Calados… Quietinhos.
É isso…
Grande Abraço, Paulo e “seja capaz” de aproveitar alguma coisa disso…
Gerônimo Barbosa de Carvalho – RG 16 639 844-5
Tambem estive nesta fila, da qual o Geronimo falou ,tambem fiquei indiguinado, tambem vaiei as duas senhoras, depois em casa persebi que havia me enganado, o problema foi a falta de estrutura para a troca dos talões,uma unica pessoa para a troca ,em seu primeiro dia de trabalho,sem fila de idosos,deficientes e gestantes, que por sinal é lei, e o pior de tudo é que não tinham talões novos para serem trocados.Acho que elas tiveram muita coragem por exigir os direitos delas,e me sinto envergonhado por fingir que não vi outros idosos na fila atras de mim,deveria telos deixado passar, ou quando estou em um onibus e finjo dormir para não ter de dar o meu lugar.
Temos de exigir nossos direitos ,que nos tratem melhor, pois somos nos que pagamos os salarios deles e merecemos RESPEITO!!!!!