De 05.07.07
A cada minuto, nesse nosso barulhento planeta, são assinados mil novos contratos de telefonia móvel. Esse ritmo frenético fará que em um mês haja um celular para cada dois habitantes.
O placar empatado durará apenas uma fração de segundo. Um minuto após, como se pode concluir, os sem-celular seremos minoria – 3.300.000.000 (três bilhões e trezentos milhões) – e os com-celular, com mil novos adeptos à frente, 3.300.001.000.
Em todos os lugares, os mais impróprios possíveis, vêem-se pessoas o dia inteiro gritando no celular.
Uma hipótese precipitada seria de que a humanidade foi assolada por uma obsessão por se comunicar o tempo inteiro.
É imenso engano!!!
Festas, jantares, reuniões sociais, supõem-se que tenham sido produzidas para propiciar bons bate-papos, saborosas risadas. O que acontece é muito diferente disso. Mesmo festas de pessoas idosas, como de um casal que outro dia comemorava 60 anos de casado, a música e o barulho eram de tal monta que estava decretado: PROIBIDO CONVERSAR
Mas será que as pessoas gostam de tanta barulheira, já que são capazes de ficar uma noite inteira ouvindo música eletrônica em volume absolutamente ensurdecedor??? Quando cessa a música, por um problema qualquer, a tensão paira no ar – terão que trocar palavras com quem estiver por perto. Mas o DJ (é isso, né??) é bom e o barulho recomeça. Alívio!!! Dessa vez foi por pouco, na próxima talvez seja preciso conversar.
Dizer que as pessoas gostam de barulho ensurdecedor significa acreditar que praticamente todo mundo – inclusive os mais velhos – sejam masoquistas.
Provavelmente curte-se esse barulho incessante o dia inteiro, até, e principalmente nas horas de lazer, por uma única razão:
AS PESSOAS NÃO TÊM O QUE CONVERSAR – NÃO TÊM ASSUNTO!!!
Para concluir, em vez de frase, piadinha.
O sujeito chega no bar e pede uma cerveja quente, bem quentinha mesmo, enfatiza. O freguês ao lado estranha:
– Mas você gosta de cerveja quente???
O que pediu a cerveja quente explica:
– Eu não gosto de cerveja quente, mas do que eu não gosto mesmo, o que eu odeio é ser contrariado.
Certamente o raciocínio de quem sai hoje em dia para se divertir seja esse: se o custo do sossego implicar na obrigação de manter uma conversa minimamente inteligível, que se instale barulho de arrebentar os tímpanos!!!!